Mal de Montano

fevereiro 12, 2007

FETICHE

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 4:29 pm

Por Aldmeriza Riker 

 

 

SALÃO DE  BAR

 

ENTRAM

 

NUM BALANÇO COORDENADO

 

ORA À FRENTE, ORA ATRÁS

 

SEM PERDER O EQUILÍBRIO

 

IMPULSIONAM

 

A PELVE

 

BEM ARTICULADA

 

SOB UM CARMIM

 

DERRAMADO

 

EM GODÊ

 

 

SINCRONIA

 

SURDOS, LEVES

 

ECOAM

 

MEIO A DESCOBERTOS

 

O CHÃO ESTALA

 

DESAPARECE O RITMO

 

PERMANECE A VISÃO

 

 

 

janeiro 26, 2007

Um dia, amanhã

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 8:23 pm

Por Wellington Diniz

  

 

Um dia, amanhã, 

quem sabe depois, 

eu te verei feliz. 

Os nossos retratos, 

bagaços dos fatos, 

já não contam mais, 

já não são relatos dos 

atos loucos, dos roucos  

desejos, da mansa manhã. 

 

 

 

Um dia, amanhã, 

Quem sabe depois, 

Eu te farei feliz. 

Os nossos tratos, 

Tão poucos no prato, 

Já não saciam mais, 

Já não são manjares de 

Toscos deuses, dos moucos 

Lampejos, da densa manhã. 

 

 

janeiro 1, 2007

Graça

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 5:55 pm

Por Suzana Alípaz

   Dedos sabidos suave crina e botão flor úmida. Dúlcidos sonhos rumo delírio de delícias em série extasiado corpo mão firme. Balanço compasso scherzando só. Espaço raro oferta movimento alísio. Verdes costelas deliciosa Monstera exposta espata oculta espádice estranha flor. Espantos íntimos sorrisos de botão aberto colheita próxima. Invasor enérgico frio acolhido   profundo   veloz   moto-contínuo.                                                

  Pequena morte.

dezembro 18, 2006

Poesia concreta por Bianca Amaro

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 8:40 pm

poemabianca.jpg

Clique na imagem para ler o poema

dezembro 16, 2006

Sadismo*

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 2:10 pm

Por Giovanna Carla de Oliveira 

Puxei os pontos da sua ferida.
Pisei, de salto, em cheio no seu calo.
Servi pra sua mãe mortadela vencida.
E joguei minha aliança no ralo.


 Deixei rachado todo o seu espelho.
Declarei meu amor na lataria do carro.
Marquei sua camisa com batom vermelho.
Pulei na cama com pé sujo de barro.


 
Botei groselha no seu doce vinho.
Inventei um amigo imaginário.
Dei veneno pro seu passarinho.
Esqueci o casamento e o aniversário.


 Derramei a água pra matar sua sede.
Menti o horário de tomar remédio.
Pichei meu nome na sua parede.
Pra sua aventura, fiz cara de tédio.
 


 Cocei com unha sua brotoeja.
Comprei supérfluos no seu cartão.
Coloquei água na sua cerveja.
Servi laxante na reunião.
 
Queimei todas suas cartas bregas.
Quebrei todas suas caras regras.
Gostei de fazer o que fiz.
Eis a minha nova tática:
Mostrar minha versão mais sádica
E começar a me fazer feliz.

___________________________
  *Poesia vencedora do Concurso de Poesias da Funarte, em 2000, que integra o livro “Outro Dia”.  

dezembro 11, 2006

O/MAR

Filed under: Contos,Montano por um dia — maldemontano @ 12:41 pm

Por Edelson Nagues

  

         O/mar vê: [a] pres(s)a (de) entrar. No horizonte, [a]riscos[,] (de carvão ba)lançam-se(: b)arcos. En/canto de ser/[eia]. (A)trai[,] O/mar.

         A onda anda a onda anda a onda anda a onda. Ao longe, [a]riscos (de carvão): corpos ao s[o](a)l, b(and)eira do cais.

         A mãe (se des)espera. Nada. Grita: “O!mar!”

         A onda anda a onda anda a onda anda a onda anda. Aonde? “O!mar!” Nada. “Salvem!”

         Sal vem. Nos olhos de/la. Na garganta de cá.

[A]braço(s) forte(s). Luta de(s)/igua(l)/ais.

         A mã[e](o): a[!]deus.

         Omar: o mar.

novembro 26, 2006

Do manuscrito ao virtual…

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 10:48 am

poemasapo.jpg

Sapo 

Por Eudoro Augusto

  

O que procuras, homem de Deus?

Procuro o beijo de uma princesa perversa

que me devolva ao brejo.

 Cansei de ser príncipe. 

novembro 17, 2006

a cercania de uma festividade

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 8:45 pm

Por Piero Eyben

como que das distâncias
apartado, os olhos rarejam
algumas imagens do final.
assim pára, toma da água e
do vinho (2 partes por uma):
o reflexo de uma alegria de fum-
aça – nas assaduras do tempo –
e o júbilo de – tendo escrito na
parede: porque no sé res.

comíamos, no entr’espaço de
duas linhas, alguns petiscos de
alguma conversa: risos, só risos
à toa.

saldo: rubros, sem sapatos, alguns
caídos, dança, fumaça ao léu de
nossas (in)consciências consistentes.
saldo: menos bergman, mais nietzsche,
ainda um mallarmaico brinde
solitude, recife, estrela.

um último traçado, em escrita ou
melodia – pouca importa – de feliz
morada, abraços, como devem ser
aqueles que bebem vida – como pound –
mesmo de quem se retira.

novembro 7, 2006

Ventre

Filed under: Contos,Montano por um dia — maldemontano @ 1:56 am

kapoor2.jpg

Por Liduina B. de Oliveira 

 

 

Estavam sempre em pares, a definir o almoço, o passar, os varais, debruçar neles roupas vazias, almas. E de volta aos quantos, às camas estendidas. Vassouradas. Ambas espelhadas, avessos. A dona, nova, enxovalhada, a consumir-se em entre dias, em entre quartos e corredores, a dona, bonita ainda, remodelada por acontecidos. Ela tão silêncio. Sorriso surrado, sempre, e olhar no nunca. Eram quase uma. A negra roliça, no vai-e-vem, a atinar na outra, e repetir os gestos, a amá-la e apiedar-se. Que a dona sabia dos solavancos do dono, nela, a derrubá-la, bicho bruto, ela mansa, de cara virada, acuada, permitia, cumpria o não ato, o nojo, o não. Fitavam-se, ela sabia. Queria fugir. Pra onde. 

 

Silêncio no percorrer a casa, vazia, vazios os anos, os ventres. A negra buscava, com flores, nos vasos, perfumar alegria na dona, com doces, nos potes, adoçar a vida da dona, com gestos, infinitamente. No lapso da noite ele chegava. O banho esquentado, jantar, café e rede no avarandado. No terreiro, cigarro fumado. O cheiro dele a castigar o ar. A apartá-las. 

 

O que a fazia silenciar, se não que pelo silêncio fora reduzida. Com silêncio e perdão acariciava a outra, no depois das horas, acertando a imagem na dela e atinar que era dia, a percorrer. 

 

Tempos seguidos, o ventre da negra crescia. Fitavam juntas o silêncio do a ver. O não saber, se amor ou ódio. Ambas, imagens. E quando, no anoitecer em que a chuva vinha revirar os varais, a negra em carreira e balaio, sacudindo-os. Por força largou-os e foi de emboscada para longe, no não ser. Homens contados arrancaram do ventre o choro escuro, desconhecido. Ela gritou e emudeceu. Voltou, que não havia de deixar a dona. Aquela, encostada. Chegou por de trás, na porta pequena, cão acuado. A dona banhada em desespero abraçou-a, tratou-a em lençóis novos. Não choraram mais. E os dias, e os varais cicatrizavam aqueles. 

 

Juntavam ambas o ódio, pendurando-o nos punhos da rede, no prego das chaves, nas réstias de alho, nas calças dele secas ao sol. 

 

A dona dormia. Sua ausência tranqüilizava-as. Horas se adiantando. A porta aberta e ele aos solavancos, aos berros, exigiu-a. A negra foi. Achava que nunca, depois daquilo. Foi. Não piedade, amor, nada. O álcool fedendo nele, na boca, no cuspe. Venefício no dentro, no nunca mais. Largou-a. Sobejada, em meio à sala, nua em chão de pedra. Ao canto, no alto da escada, a dona, encolhida, firme no não chorar, fitava-a, refletia-se. Ele, olhos nela, pigarreou, cobriu suas partes, esperou o jantar. Serviu-se, fartou-se. Acendeu o cigarro sobre o café, na rede. 

 

A dona, sorriso surrado, bonita ainda, balançava a rede,
em punho. A negra refletida, no outro punho, balançando, e o vai-e-vem a derramar, lento, sangue no terreiro, no avarandado. Não piedade, amor, nada…
 

 

outubro 31, 2006

Néon

Filed under: Montano por um dia,Poesias — maldemontano @ 1:49 am

abstraindo.jpg 

Por Carla Andrade 

Há dias de rapto

 o sol cego

 morrendo a gente

 em raios

 levam purpurinas de néon

 deixam

 carne

 vertigem

 teatro  

 mas se deixam, seria rapto?

 já vi chuva

 roubar alma

 em postes iluminados

 e ao mesmo tempo

 produzir novelos do tempo

 revelando rastros

 anelos de sonhos

 já vi ostra olhar de perfil

 só para pedir mãos

 em troca de pérolas

 sem falar no disparo

 das águias em dorsos febris

 voando o olhar da gente.  

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